09 junho, 2011

Um poema de João Negreiros

A mãe


Quando crescer quero ser a mãe
só p’ra ser a minha
e me dar carinho sem ter que mo pedir
quero morrer p’ra ser a mãe de alguém
mas com as mãos a voz e o cheiro da minha
mãe
és a minha mãe
antes não fosses
antes fosses a mãe de todos
p’ra que todos fossem felizes
se fosses a mãe do mundo o mundo era melhor
e eu não existia
mas acredita que não me importava
porque haveria de viver no som dos teus beijos
no fresco da tua mão contra a testa febril
no olhar que encontra o brinquedo
na luz que me apaga o medo
haveria de viver no teu coração como um filho que não nasceu
e que morre todos os dias para provar que sempre te amou

in "o cheiro da sombra das flores"


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