26 abril, 2013

Jerónimo Pizarro vence Prémio Eduardo Lourenço

 
 

Pessoano, professor universitário e comissário de Portugal para a Feira do Livro de Bogotá deste ano, Jerónimo Pizarro foi hoje distinguido com o Prémio Eduardo Lourenço por proposta da Casa da América Latina, com o apoio da Casa Fernando Pessoa e da Embaixada da Colômbia em Lisboa.

O Prémio Eduardo Lourenço foi instituído pelo Centro de Estudos Ibéricos e destina-se a premiar personalidades ou instituições com intervenção relevante no âmbito da cultura, cidadania e cooperação ibéricas.

Jerónimo Pizarro é professor da Universidad de los Andes, titular da Cátedra de Estudos Portugueses do Instituto Camões na Colômbia e Doutor pelas Universidades de Harvard (2008) e de Lisboa (2006), em Literaturas Hispânicas e Linguística Portuguesa.


Em edições anteriores o prémio foi atribuído a Maria Helena da Rocha Pereira, Professora Catedrática de Cultura Greco-Latina (2004), ao jornalista Agustín Remesal (2006), à pianista Maria João Pires (2007), ao poeta Ángel Campos Pámpano (2008), a Jorge Figueiredo Dias, Professor Catedrático de Direito Penal (2009), ao escritor César António Molina (2010), ao também escritor Mia Couto (2011) e ao teólogo José María Martín Patino (2012).
 

25 abril, 2013

Um poema de Al Berto

                        foto retirada da net - (Man Ray ?)



corpo envolto por uma linha azul, espessa areia fulva em toda a extensão da folha de papel nervuras brancas, textura das tintas, risco de lápis
outro corpo na penumbra do olho em pêlos erectos
as marés movem-se na polpa de um sexo, águas avermelhadas reflectem
o fruto incendiado
(eu sei, a verticalidade é a tua posição, mesmo durante o sonho)
mais amarelo vestindo corpos inacabados
um dentro do outro, prolongam-se para além de ti, na luz quase
comestível do amanhecer
afastados um do outro continuam a tocar-se através dum objecto, coisa viva  sem nome ainda
o lápis percorre a folha, num traço surgem os lábios de molusco, concha
aberta no crepúsculo da praia
lábios, boca, dedos alastrando, gesto agitado, flor áspera, mão abrindo-se em pétala
cabelos emaranhados noutros cabelos, linha sulcando o rosto, o peito, a púbis
felpuda que se estende até ao horizonte do mar
noutro espaço, para lá dos corpos, minúsculos pássaros aquáticos povoam a luz, hirtos, estáticos. esperma, pérolas irrequietas, nervosas medusas, circulam à roda de um astro
às vezes apontas um detalhe, enches os brancos do papel
olho tecido no aveludado da alucinação, granulado de sementes, macia pele na lentidão das maresias
cruzam-se e enleiam-se as linhas
esbatem-se cores, outro corpo de escamas ocupa o espaço
depois, o rosto louco, nocturno, quase vegetal, põe-se a latejar
animal cósmico à deriva pelo sangue, excremento vivo dalgum sonho
antigo, como o voo dos pássaros migradores
sonho oculto na noite das cidades, insónia e delírio, ele avança
corpo translúcido, espelho que te reconhece
sonho do silêncio, marés altas, superfícies povoadas, subitamente, por
um insecto de ouro
uma abelha escondida nos favos de subtis tonalidades sépia
animal fabuloso que se desloca na seiva iluminada dos bosques
um astro explode em mil outros animais, minuciosamente desenhados
inicias a metamorfose, és aqueles animais dourados, aquele astro, aquela
árvore perfurando a noite
caminhas extenuado por entre corpos desfeitos no vento, quase líquidos
e vem a noite que te queima, te inquieta, e continua
escorregam silhuetas pelas húmidas pedras, acesas por dentro
vertiginosos néons revelam a ave morta à entrada duma vulva de água
um peixe de saliva cresce em cada corpo de orvalho, expande-se
...
há dias em que o lápis te foge, resiste como um objecto estranho
persistes, esboças o rosto de cera apercebido no espelho, no fundo
quieto do rio
sorris
o lápis volta a obedecer-te
no rosto abrem-se olhos, flores, águas, cristais, lodos, geometrias, fogos, animais sem nome
que deixas à solta fora de teu corpo, em precária liberdade


Al Berto

23 abril, 2013

Dia Mundial do Livro




Ilustração de Gémeo Luís para a Direção Geral do Livro e das Bibliotecas.
 
 
 
"Leio e estou liberto. Adquiro objectividade. Deixei de ser eu e disperso. E o que leio, em vez de ser um trajo meu que mal vejo e por vezes me pesa, é a grande clareza do mundo externo..."

 (Fernando Pessoa)

 
 
 
 
 
 
 

18 abril, 2013

Obra Completa do Padre António Vieira






Pela primeira vez, a Obra Completa do Padre António Vieira vai ser publicada pela Editora Círculo de Leitores.
 
O "imperador da língua portuguesa", como lhe chamou Fernando Pessoa, merecia há muito tempo este reconhecimento.
 
A edição é composta por 30 volumes, dos quais se encontram já à venda os 3 primeiros: A Chave dos Profetas I e II e Cartas Diplomáticas I. Até 2016, serão editados os restantes volumes.
 
 
 
 
 
 

11 abril, 2013

A Biblioteca, dois poemas


biblioteca-estocolmo

(Projeto para a Biblioteca de Estocolmo)
 

-Sou cheia de cavidades, conteúdos, somas

Tábuas paralelas segurando sonhos

Sou alta, larga, profunda - com glórias

Carrego das vidas todas as histórias


-Sou aquela que registra a própria civilização

Sou mais importante do que o pão

Sou forte, plena, cortejada e vaidosa

Sou cheia de luz em verso e prosa


-Tenho brilho por ter romance de alguém

Sou altamente cultural também

Sou a que guarda os tesouros da terra

O Reino das Palavras, na paz e na guerra


-Sou a que só se desfaz por acidente

Por incêndio - ou demente

Tenho páginas de rostos no meu Ser

Em belo acervo de aventura e prazer

....................................


-Sou a que é certa por linhas certas

O mundo mágico dos Poetas

SOU A MARAVILHOSA BIBLIOTECA

REINO DA FANTASIA PARA MENTES ABERTAS.
 
 
Silas Corrêa Leite
 
 
 
__________________________
 
 
El aire es allí diferente.
Está erizado todo por una corriente
Que no viene de este o aquel texto,
Sino que los enlaza a todos
Como un círculo mágico.

06 abril, 2013

Clarice Lispector na Gulbenkian

















 
 
 
 
 
 
 
 


A Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, apresenta   uma exposição sobre a escritora brasileira Clarice Lispector (1920-1977), “A hora da Estrela”.  
 
A curadora Júlia Peregrino, que coordena a exposição com o escritor Ferreira Gullar, afirmou aos jornalistas que a mostra “está organizada em torno da obra de Clarice e não é biográfica, procurando despertar a curiosidade sobre a sua escrita”.
 
A exposição dividida em seis núcleos que vai estar patente até ao dia 23 de junho de 2013,  realiza-se no âmbito do Ano do Brasil em Portugal.
 
Paralelamente à exposição, a Fundação promove várias actividades aos sábados, como uma tertúlia com escritores portugueses, entre os quais Lídia Jorge e Gonçalo M. Tavares, e visitas “perfomativas” com Mónica Calle, André Teodósio e Ana Brandão.
 
Nascida na Ucrânia, batizada Haia Pinkhasovna Lispector, a escritora tomou o nome de Clarice por decisão do pai, quando a família chegou ao Brasil. “Perto do coração selvagem”, foi o primeiro dos 26 livros que publicou, actualmente traduzidos em mais de 20 línguas.